quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Entre o cristal e a chama, de Flávio Carneiro

"Entre o Cristal e a Chama nos coloca na indissociabilidade entre leitura e escrita ao fazer nascer o escritor do leitor. O escrever se traduz numa materialidade, a partir do exercício cotidiano da leitura, do corpo de quem escreve. Ler é uma atitude diante do mundo. Talvez a sombra de Borges seja demasiada no final, quando a personagem sem nome do Leitor ensaia sem resultado sair dos labirintos textuais, evocando a dimensão solitária, trágica e moderna, da escrita e da leitura. No entanto, há uma brecha frágil, que talvez se realize para além do livro, do fascínio do texto para a experiência do leitor, da crítica para a narrativa" (Denilson Lopes, no Correio Brasiliense, 16.02.2001)


Bem, esse é o primeiro livro teórico sobre o qual me proponho a falar aqui no blog. Escolhi-o pela leveza que marca sua tessitura na profundidade própria de uma criação divina.

O percurso escolhido por Flávio Carneiro é agradável e sensível, proporcionando ao seu leitor uma visão global das obras abordadas por ele e, concomitantemente, uma visão particular dos seus atributos individuais.

Destaco o Prefácio, que é de uma consistência teórica que me fascina. Passeando por Eco, Sêneca, Calvino, Luiz Costa Lima, Blanchot e Foucault, entre outros, dá-nos uma verdadeira aula sobre a atividade e suas matizes quando se pensa no leitor.

A leitura é tão bem estudada que a simplicidade da fala autoral se converte em cristais reluzentes, mas não encobre a experiência individual que marca a literatura, chamas ardentes e efêmeras. O tom é próximo e científico, é conceituante e libertário, é pessoal e geral.

Por fim, digo em claras palavras: uma bela leitura para entusiasmados pela arte.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Licença Artística


Peço licença a vocês, meus caros leitores, para prestar minhas homenagens a Paulo. Homem que tantas vezes me fez chorar no infinito de seu olhar e que me fez sorrir com a doçura de suas palavras.

Não tive a honra de assistir a um espetáculo que fosse, mas sua energia ferozmente atacava meu coração todas as vezes que, humildemente, dava uma faísca de sua genialidade para a televisão brasileira.

Sinto que compartilhei de sua verdade e da sua entrega. Poucos nessa Terra de Santa Cruz são artistas da alma e você, Autran, ficará eternamente nas minhas melhores lembranças.

Que Deus ajude o teatro e as artes cênicas brasileiras na ausência do seu maior e mais competente mago...