domingo, 30 de setembro de 2007

O demônio e a srta. Prym, de Paulo Coelho

"Palavras não levam a lugar nenhum. Deixemos que falem, pois a vida se encarregará de fazê-los agir de maneira diferente."

Conta a história de uma vila, chamada Viscos, onde tudo era muito monótono. Cidade do interior. Nela chega um estrangeiro que dá a Chantal Prym a responsabilidade pelo futuro de seu lugarejo. Monta um esquema de laboratório científico: envolve-a numa rede sem escapatórias. Tudo para atender um anseio individual. A situação faz nascer na protagonista seu demônio individual, que passa a travar uma luta com seu lado bom. A rede se torna ainda maior quando sua proposta é revelada a Viscos.
Um livro de enredo forte e de um final inimaginável, onde a mocinha, tantas vezes frágil e indefesa, é impelida a lutar contra si mesma, contra o desconhecido e a mudar o futuro de toda uma comunidade e de si própria.

A escritura é extremamente envolvente, trazendo o leitor para o espaço da personagem, aproximando real e ficcional. Vale a pena participar desse caminho.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato


Leitura reflexiva, simpática e, primordialmente, moderna.

Luiz Ruffato consegue trazer em seus cavalos grandes dilemas do sujeito pós-moderno, mesclando as mais diversas estratégias narrativas para costurar seu livro de contos e crônicas.

Assim o defino por conter capítulos que, na verdade, encerram em si mesmos, ou melhor, encerram-se na postura do leitor frente a esse mundo frenético e robusto que se descortina.

Ora, eis uma obra que consegue tirar seu fôlego com as crônicas cotidianas, fazer com que o leitor reflita nos contos cheios de personalidade e fazer com que o mesmo se reconheça em, pelo menos, um caso. É a presença daquele que lê na narrativa que constrói a singularidade desta e seu exercício contínuo de também criador, como outrora apontaram as teorias da recepção.

Além disso tudo, Ruffato imprime um caráter tão pessoal de escrita que se confunde com o partilhado social. É esse excesso de alternativas e de caminhos adotados que faz do seu livro uma pressuposição para se entender eficazmente a arte contemporânea.


domingo, 2 de setembro de 2007

O caçador de pipas, de Khaled Hosseini


Deixo aqui meu muito obrigado ao autor, por ter me mostrado que realmente há esperanças no solo que menos parece fértil. Uma leitura descompromissada, um passeio com paradas para pensar na política, no social e no individual. Não espere algo muito rebuscado ou panfletário. Esse livro é a expressão de um povo que só quer ser realmente livre.



- Leitura altamente recomendável -


A expressão de uma verdade esquecida que renasce num entrave com a maior potência mundial. O Afeganistão recebe vez e voz com o texto de Khaled Hosseini, O caçador de pipas.
Um texto precioso, que narra com afeição uma história dolorida e, por vezes, repleta de alteridade. Um grande edifício cuja base é fincada nas relações parentais, fazendo-nos questionar o nível de influência que um ser humano pode atingir para com outro.
É a verdade por excelência, é o pequeno ramo verde que surge entre os rochedos do deserto da guerra.



“Tudo aconteceu exatamente do jeito que eu tinha imaginado. Abria a porta do escritório enfumaçado e entrei. Baba e Rahim Khan estavam tomando chá e ouvindo as notícias chiadas no rádio. Ambos viraram a cabeça. Então apareceu um sorriso nos lábios do meu pai. Ele abriu os braços. Pus a pipa no chão e me dirigi para aqueles braços fortes e peludos. Enterrei a cabeça no calor do seu peito e chorei. Baba me puxou para si e ficou me embalando, para frente e para trás. Nos seus braços, esqueci o que tinha feito. E isso foi ótimo.” (p. 84)

sábado, 1 de setembro de 2007

Abridura

O destino e suas surpresas
É incrível como todos os dias somos levados a lugares especiais com pessoas especiais em circunstâncias (diga-se lá) especiais...
Após reencontrar uma grande amiga, resolvi me encaminhar para a faculdade, uma vez que deveria me inscrever para ser monitor de algo na instituição.
Já tinha, entretanto, pedido a uma (outra) grande amiga para fazê-lo por mim, mas como iria acompanhar a primeira não custava nada...
Não consegui resolver o problema, mas pude conversar com a Grande Deusa (acrescentando-se posteriormente o politizado) e eis que surge esse espaço.
Meu objetivo é simplesmente escrever sobre algo jamais pretendido nos vislumbres do meu futuro profissional (que agora se consolida): a análise literária.
Que Deus me dê forças para a luta e que o Destino sempre se manifeste.
Sorte, saúde e sucesso para nós!