domingo, 23 de dezembro de 2007

Dezembro e festas natalinas

Bem, meus queridos, eis que chega o período do Natal...

Belíssimos momentos para todos!

EM TEMPO: Esses podem ser os últimos dias do Olhar Comprometido, mas repensarei no espaço BLOG e voltarei com um novo em breve...

Que Deus nos abençoe e nos guarde!

Jordão Pablo

sábado, 10 de novembro de 2007

A Senhora das Velas, de Walcyr Carrasco


Não acreditei muito quando recebi o livro... Lá vem uma história chata e monótona, com o amor carnal vencendo no final e o herói se consagrando após inúmeras batalhas...

Peguei o livro mesmo assim e, no momento em que li os agradecimentos, quão grande foi minha surpresa ao ler "Paulo Coelho"... Meus olhos devem ter brilhado: aquele texto se tornava interessante não pela citação, mas por ser estabelecido um vínculo entre o autor que me é tão caro e Carrasco.

A leitura mostrou um enredo que, claramente, comungava dos ideais que, por vezes, são esquecidos pelos literatos. Deparei-me com a seqüência de sempre, o herói, as batalhas, a despedida, a solidão, a luta de classes, a espiritualidade, a intertextualidade... mas estive frente também à mão sensível de um escultor que, com emoção e experiência, mostra-nos os caminhos tortuosos de um menino que rompe com tudo e todos para, em alguma parte, se confundir com o leitor.

Exercício de razão e de mitos que, muitas vezes renegados, são esquecidos pelo materialismo e pela tentativa (sempre frustrada) de não se machucar. Esse é um ponto que merece atenção: o combate direto entre clássico e moderno, entre eterno e efêmero.

Não é, entretanto, obra de quinze dias de experimentação, mas de um ou dois, uma vez que a intensidade é um nocaute em nossos preciosismos que delega reflexão e internalização posterior. Eis o alaranjado da chama da vida vencendo o prateado da contemporaneidade.

"Pãozinho quente. Barulho de chinelo. Vovó. Galinhas cacarejando e até o cheiro das penas molhadas. Muito, muito tempo depois, Felipe ainda se lembraria dos ruídos, dos aromas, das mil sensações anunciando o amanhecer. A cada vez, teria a mesma saudade, idêntico desejo de abraçar a avó, de ouvir a voz do pai, de tomar o leite morno e açucarado com queijo fresco feito em casa. Ah, que saudade daquele tempo repleto de abraços!" (p.11)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Entre o cristal e a chama, de Flávio Carneiro

"Entre o Cristal e a Chama nos coloca na indissociabilidade entre leitura e escrita ao fazer nascer o escritor do leitor. O escrever se traduz numa materialidade, a partir do exercício cotidiano da leitura, do corpo de quem escreve. Ler é uma atitude diante do mundo. Talvez a sombra de Borges seja demasiada no final, quando a personagem sem nome do Leitor ensaia sem resultado sair dos labirintos textuais, evocando a dimensão solitária, trágica e moderna, da escrita e da leitura. No entanto, há uma brecha frágil, que talvez se realize para além do livro, do fascínio do texto para a experiência do leitor, da crítica para a narrativa" (Denilson Lopes, no Correio Brasiliense, 16.02.2001)


Bem, esse é o primeiro livro teórico sobre o qual me proponho a falar aqui no blog. Escolhi-o pela leveza que marca sua tessitura na profundidade própria de uma criação divina.

O percurso escolhido por Flávio Carneiro é agradável e sensível, proporcionando ao seu leitor uma visão global das obras abordadas por ele e, concomitantemente, uma visão particular dos seus atributos individuais.

Destaco o Prefácio, que é de uma consistência teórica que me fascina. Passeando por Eco, Sêneca, Calvino, Luiz Costa Lima, Blanchot e Foucault, entre outros, dá-nos uma verdadeira aula sobre a atividade e suas matizes quando se pensa no leitor.

A leitura é tão bem estudada que a simplicidade da fala autoral se converte em cristais reluzentes, mas não encobre a experiência individual que marca a literatura, chamas ardentes e efêmeras. O tom é próximo e científico, é conceituante e libertário, é pessoal e geral.

Por fim, digo em claras palavras: uma bela leitura para entusiasmados pela arte.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Licença Artística


Peço licença a vocês, meus caros leitores, para prestar minhas homenagens a Paulo. Homem que tantas vezes me fez chorar no infinito de seu olhar e que me fez sorrir com a doçura de suas palavras.

Não tive a honra de assistir a um espetáculo que fosse, mas sua energia ferozmente atacava meu coração todas as vezes que, humildemente, dava uma faísca de sua genialidade para a televisão brasileira.

Sinto que compartilhei de sua verdade e da sua entrega. Poucos nessa Terra de Santa Cruz são artistas da alma e você, Autran, ficará eternamente nas minhas melhores lembranças.

Que Deus ajude o teatro e as artes cênicas brasileiras na ausência do seu maior e mais competente mago...


domingo, 30 de setembro de 2007

O demônio e a srta. Prym, de Paulo Coelho

"Palavras não levam a lugar nenhum. Deixemos que falem, pois a vida se encarregará de fazê-los agir de maneira diferente."

Conta a história de uma vila, chamada Viscos, onde tudo era muito monótono. Cidade do interior. Nela chega um estrangeiro que dá a Chantal Prym a responsabilidade pelo futuro de seu lugarejo. Monta um esquema de laboratório científico: envolve-a numa rede sem escapatórias. Tudo para atender um anseio individual. A situação faz nascer na protagonista seu demônio individual, que passa a travar uma luta com seu lado bom. A rede se torna ainda maior quando sua proposta é revelada a Viscos.
Um livro de enredo forte e de um final inimaginável, onde a mocinha, tantas vezes frágil e indefesa, é impelida a lutar contra si mesma, contra o desconhecido e a mudar o futuro de toda uma comunidade e de si própria.

A escritura é extremamente envolvente, trazendo o leitor para o espaço da personagem, aproximando real e ficcional. Vale a pena participar desse caminho.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato


Leitura reflexiva, simpática e, primordialmente, moderna.

Luiz Ruffato consegue trazer em seus cavalos grandes dilemas do sujeito pós-moderno, mesclando as mais diversas estratégias narrativas para costurar seu livro de contos e crônicas.

Assim o defino por conter capítulos que, na verdade, encerram em si mesmos, ou melhor, encerram-se na postura do leitor frente a esse mundo frenético e robusto que se descortina.

Ora, eis uma obra que consegue tirar seu fôlego com as crônicas cotidianas, fazer com que o leitor reflita nos contos cheios de personalidade e fazer com que o mesmo se reconheça em, pelo menos, um caso. É a presença daquele que lê na narrativa que constrói a singularidade desta e seu exercício contínuo de também criador, como outrora apontaram as teorias da recepção.

Além disso tudo, Ruffato imprime um caráter tão pessoal de escrita que se confunde com o partilhado social. É esse excesso de alternativas e de caminhos adotados que faz do seu livro uma pressuposição para se entender eficazmente a arte contemporânea.


domingo, 2 de setembro de 2007

O caçador de pipas, de Khaled Hosseini


Deixo aqui meu muito obrigado ao autor, por ter me mostrado que realmente há esperanças no solo que menos parece fértil. Uma leitura descompromissada, um passeio com paradas para pensar na política, no social e no individual. Não espere algo muito rebuscado ou panfletário. Esse livro é a expressão de um povo que só quer ser realmente livre.



- Leitura altamente recomendável -


A expressão de uma verdade esquecida que renasce num entrave com a maior potência mundial. O Afeganistão recebe vez e voz com o texto de Khaled Hosseini, O caçador de pipas.
Um texto precioso, que narra com afeição uma história dolorida e, por vezes, repleta de alteridade. Um grande edifício cuja base é fincada nas relações parentais, fazendo-nos questionar o nível de influência que um ser humano pode atingir para com outro.
É a verdade por excelência, é o pequeno ramo verde que surge entre os rochedos do deserto da guerra.



“Tudo aconteceu exatamente do jeito que eu tinha imaginado. Abria a porta do escritório enfumaçado e entrei. Baba e Rahim Khan estavam tomando chá e ouvindo as notícias chiadas no rádio. Ambos viraram a cabeça. Então apareceu um sorriso nos lábios do meu pai. Ele abriu os braços. Pus a pipa no chão e me dirigi para aqueles braços fortes e peludos. Enterrei a cabeça no calor do seu peito e chorei. Baba me puxou para si e ficou me embalando, para frente e para trás. Nos seus braços, esqueci o que tinha feito. E isso foi ótimo.” (p. 84)

sábado, 1 de setembro de 2007

Abridura

O destino e suas surpresas
É incrível como todos os dias somos levados a lugares especiais com pessoas especiais em circunstâncias (diga-se lá) especiais...
Após reencontrar uma grande amiga, resolvi me encaminhar para a faculdade, uma vez que deveria me inscrever para ser monitor de algo na instituição.
Já tinha, entretanto, pedido a uma (outra) grande amiga para fazê-lo por mim, mas como iria acompanhar a primeira não custava nada...
Não consegui resolver o problema, mas pude conversar com a Grande Deusa (acrescentando-se posteriormente o politizado) e eis que surge esse espaço.
Meu objetivo é simplesmente escrever sobre algo jamais pretendido nos vislumbres do meu futuro profissional (que agora se consolida): a análise literária.
Que Deus me dê forças para a luta e que o Destino sempre se manifeste.
Sorte, saúde e sucesso para nós!